terça-feira, 5 de agosto de 2014

Km 10 - II Grande prémio de montanha Senhora da Graça



II Grande prémio de montanha Senhora da Graça
Taça de Portugal  de montanha - Final
 

26 de julho de 2014

 
 
 
                                                 Á primeira, quem quer cai.
                                                 Á segunda, só cai quem quer.
         
          


      Que biolência!

      A montanha chama por nós. O desafio está lançado. Para alguns está em causa a luta por um título nacional. Para uma pequena minoria trata-se de uma estreia. Eu não entro em nenhum destes grupos. Dos 35 atletas alinhados á partida, retirando os que lutam por títulos nacionais, e os que se estreiam na aventura, o número que resta diz respeito a todos aqueles que no ano passado sofreram, lutaram, disseram: "Senhora da Graça nunca mais! Falta muito? Só quero chegar lá cima", e que este ano regressaram.  Eu estou nesse número.
      O grande fator comum que existe nas provas de montanha, é o de grande parte do percurso se fazer em sentido ascendente. Mas um aspeto distingue esta de outras provas.  A pendente dos sectores em ascensão é demasiado acentuada.  Doze quilómetros nos separam do alto do Monte Farinha, onde esta instalada a meta no Santuário da Senhora da Graça, e desde os primeiros metros a prova sobe, e sobe, e sobe. 

      Os primeiros quilómetros, apesar de serem de uma exigente dureza, ainda consigo ultrapassar em constante ritmo de corrida. Conhecendo o percurso, inicio a corrida na cauda do pelotão, a ritmo pausado e controlado. Numa  fase em que endurece a prova, vou ultrapassando os mais ousados que iniciaram o desafio numa corrida desenfreada, desconhecendo que as dificuldades iam aumentando metro após metro. Consigo manter o ritmo até aos 4 quilómetros. A partir daqui, porque a dureza da prova aumenta, porque o forte calor limita o nosso rendimento e porque as pernas começam a acusar o esforço despendido, já não consigo manter a passada e o trote constante. E á semelhança dos atletas que avançam perto de mim, vou superando as dificuldades a caminhar sofregamente. Depois dos  4 e até aos 8 quilómetros, apesar de ter ainda muitos setores a subir, conseguimos recuperar energias e ganhar novo fôlego em algumas zonas planas e a descer. Em situações normais, era uma oportunidade de ganhar tempo e ultrapassar mais velozmente parte do percurso. Mas como a dificuldade maior reside numa subida de 800 metros, com 200 metros de desnível positivo logo após o quilometro 8, aproveito as zonas mais acessíveis para descansar.
       A subida mais temida por todos quantos já conhecíamos o percurso, ultrapasso com grande esforço e sofrimento. Em algumas zonas avanço com uma passada perto dos 17' por quilometro, que apesar de lenta me permite ultrapassar mais 2 atletas. Vencida a grande dificuldade entramos num quilometro a descer, e nova oportunidade para ganhar fôlego para enfrentar o derradeiro quilometro, também de extrema dificuldade. E aqui já não está só em causa o relevo e as subidas, mas também o cansaço, as dores físicas e o calor que continua a incidir sobre nós com uma temperatura superior aos 30º.  E estes metros finais estão longe de ser fáceis. Há subida que não termina mais. Há escadas que são dolorosas. E há um avistar da meta,  que parece inalcançável.
       Após 1h38' chego ao fim da aventura. Mais 3 minutos do que na edição anterior. Três minutos que foram comuns a grande parte dos participantes. Também o vencedor, o mesmo de ambas as edições, juntou mais 3 minutos ao tempo do ano passado.

        Superado mais um desafio. Um árduo desafio. Mas com uma satisfação enorme por me ter superado. Por ter ignorado o calor, o cansaço, o sofrimento, e  ter usufruído ao máximo de um trilho lindíssimo, de uma paisagem magnífica, e de uns camaradas de corrida fantásticos.
        Recordo que o João volta a ter um grande desempenho nesta prova, com um 10º lugar da geral, apenas superado pelos atletas que corriam pela conquista da taça. E a Helena que apesar do 4º lugar da geral, consegue defender o 3º lugar da taça de Portugal de Montanha em veteranos.


      Para a estatística:

         II Grande Prémio de Corrida em Montanha Senhora da Graça
      12 km 

      Corrida de montanha número 5
      Tempo líquido: 1h38'24'' ( a 38' do vencedor)
      Classificação geral: 25 (35)

      Classificação escalão Veteranos: 11 (15)


Percurso da prova

      Até já!