24 Horas de Ultrafundo em Pista
BARCELONA
17/18 de Dezembro de 2016
Foto: Sergi Cusco |
Eu chamo-lhe PAIXÃO
Começava a sentir os primeiros sinais de cansaço, surgiam as náuseas, e começava a ter necessidade de me alimentar a sério.
9h 76km pos. 75
Sim, sim, sim, sim, sim, sim, sim...
Sim, quero voltar a Can Dragó.
Sim, quero voltar a Barcelona, a Vigo, a Vale de Cambra.
Sim, quero voltar a enfrentar estes desafios de 24 horas.
Quero voltar a correr, a caminhar, a sofrer e a chorar.
Quero voltar a dividir pista com estas máquinas do ultrafundo.
Quero voltar a competir com atletas que não olham à classificação, e que lutam apenas pelo objetivo individual. Seja ele os 100, 150, 200, ou 250 quilómetros.
Quero voltar a lutar pelos 160 quilómetros.
Quero voltar a competir com atletas que não olham à classificação, e que lutam apenas pelo objetivo individual. Seja ele os 100, 150, 200, ou 250 quilómetros.
Quero voltar a lutar pelos 160 quilómetros.
Quero...Chamem-lhe competição. Eu chamo-lhe aliança, cooperação, cumplicidade, ajuda e amizade.
Chamem-lhe masoquismo. Eu chamo-lhe alegria, felicidade, paixão.
Quero voltar a traçar objetivos. Quero voltar a lutar por eles. Mesmo que no final sinta um sabor amargo por me ter faltado um pouquinho assim para o conseguir. E a quem não faltou um pouquinho assim?
Quero voltar a sofrer, a bom sofrer.
Quero voltar a ter sono, e não poder dormir.
Quero voltar a ter frio, e não conseguir aquecer.
Quero estar cansado e continuar a correr.
Quero estar nauseado e não conseguir vomitar.
Quero contar voltas, minutos, horas, quilómetros.
Quero voltar a ter uma falange de apoio pendente durante 24 horas.
Quero voltar a sofrer, a bom sofrer.
Quero voltar a ter sono, e não poder dormir.
Quero voltar a ter frio, e não conseguir aquecer.
Quero estar cansado e continuar a correr.
Quero estar nauseado e não conseguir vomitar.
Quero contar voltas, minutos, horas, quilómetros.
Quero voltar a ter uma falange de apoio pendente durante 24 horas.
Post nº1
5h 45km. pos. 71
" Venga ahí campeón!!!Orgulloso de ti"
" Força"
"Animo Paulo, vas fenomenal."
"Animoooo muxo animo"
"Si que puedes si si"
"Go go go"
Dar 21 voltas à pista por hora, em 3 séries de 6 a correr, e uma a caminhar. Ao final da hora teria acumulado 9 km. Revendo agora este post, reparo que até às 5 horas estava a cumprir com a estratégia, que visava sobretudo retardar o cansaço e as náuseas.
Post nº2
7h 60km. pos. 71.lol
"Ole ole"
"Vamos"
"Venga Paulo..."
"Força"
"VAmossss"
"Veña Paulo que vas como una moto"
"Estás a exagerar..."
Começava a sentir os primeiros sinais de cansaço, surgiam as náuseas, e começava a ter necessidade de me alimentar a sério.
Post nº3
9h 76km pos. 75
pasta time
Este evento consegue reunir os melhores ultramaratonistas europeus da especialidade. Mas a nível de organização está a anos luz de Vigo, ou mesmo de Vale De Cambra. Desde logo a começar no lugar que te reservam nas boxes, ou melhor, no lugar que não te reservam. Nem uma simples cadeira têm para te oferecer. E depois, o abastecimento, é do mais pobre que se pode encontrar. Que saudades da minha sopa que costumo levar. Ou mesmo os salgados que me costumam acompanhar. Valeu-me que tinham à disposição tangerinas. Comi alguns quilos delas. A certa altura pedi mesmo que se limitassem a descascá-las, e as deixassem inteiras para não ter que reunir os favos.
Post nº 4
E não foram só as bolhas. Felizmente consegui eliminar as moléstias que surgiram depois dos 100 quilómetros. As bolhas, recorrendo à colocação de umas meias dobradas debaixo do calcanhar, não mais me magoaram. As fortes dores de joelhos, eliminadas com ibuprofeno. Mais difícil foi enfrentar o frio, e o sono. O sono obrigou-me mesmo a parar durante 10 minutos a cada hora, durante 3 ou 4 horas, para dormir 5 minutos a cada paragem. Se alguém me disser que me viu parado na pista, de olhos fechados a dormir, eu acredito. Porque recordo-me de fechar os olhos em alguns períodos e continuar a caminhar. Por isso é perfeitamente normal que tenha dormido em pé na pista durante breves segundos.
Post nº 4
13:20h 100 km. A partir de agora vai ser mais difícil fazer quilómetros. Grande bolha no calcanhar direito.
"VAMOS PAULO!!!!!!!!"
"Beijinhos parabéns"
"Força man"
"Força...abraço..."
E não foram só as bolhas. Felizmente consegui eliminar as moléstias que surgiram depois dos 100 quilómetros. As bolhas, recorrendo à colocação de umas meias dobradas debaixo do calcanhar, não mais me magoaram. As fortes dores de joelhos, eliminadas com ibuprofeno. Mais difícil foi enfrentar o frio, e o sono. O sono obrigou-me mesmo a parar durante 10 minutos a cada hora, durante 3 ou 4 horas, para dormir 5 minutos a cada paragem. Se alguém me disser que me viu parado na pista, de olhos fechados a dormir, eu acredito. Porque recordo-me de fechar os olhos em alguns períodos e continuar a caminhar. Por isso é perfeitamente normal que tenha dormido em pé na pista durante breves segundos.
Post nº 5