terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

km 18 - SANTO THYRSO ULTRA TRAIL



SANTO THYRSO ULTRA TRAIL
 

15 de fevereiro de 2015

 
 
 
                                       Há obstáculos. Há dúvidas. Há erros.
                                       Mas com trabalho duro,
                                       não há limites!
                                                
          

     Das 24 horas de Vigo para Santo Tirso.

       "2º Luís Santiago Costa, 43 anos.
      O grande prejudicado pelo sistema de classificação. Foi o atleta que completou um maior número de quilómetros, 178. Nunca o vi nas boxes. Em passo lento e ritmado, foi somando quilómetros. Acabou as últimas horas já a caminhar. Sempre me dirigiu palavras de incentivo quando nos cruzamos. Foste enorme."

                                                                          In km 12 - 24 Horas de Vigo
              
             
Quem diria que ia encontrar nesta prova um dos principais e mais combativos atletas das 24 horas de Vigo. E porque o encontro foi uma verdadeira surpresa, acabou por revelar-se mais agradável do que o esperado. É sempre bom poder cumprimentar pessoas que nos ficam na memória em algumas provas, e que num futuro reencontro se sentem tão surpreendidos e gratos quanto eu.

Luis Costa


       O mais duro desafio que entra diretamente para o Top 3.

       Não tenho qualquer dúvida em classificar esta prova, como uma das três que mais gozo me deu e de que mais desfrutei até hoje. A maratona do México e as 24 horas de Vigo, por tudo o que vivi e porque representaram as minhas estreias nas distâncias figuram naturalmente neste lote. Pela excelente organização, porque em momento algum me disse nunca mais me meto noutra, e porque os bons momentos se sobrepuseram aos maus, o Santo Thyrso Ultra Trail entra obviamente no meu top 3.



       Devagar se vai ao longe!

        Por vezes tenho dificuldade em escrever sobre desafios menos conseguidos. Outras vezes tenho dificuldade em contar os inúmeros bons momentos dos mesmos . Deste, tudo o que tenho para narrar e contar, se o tentasse  ao pormenor, só seria possível apresentando-vos um vídeo de 6:45h, onde fosse possível observar tudo o que vivi ao longo do mesmo.
        Confesso que tinha grande receio em enfrentar os 48 quilómetros da prova. Sei como as longas distâncias alteram o meu metabolismo, e me fazem passar horas de angústia e sofrimento. Sei que depois de alguns quilómetros, as minhas pernas já não respondem ás minhas exigências, e as dores e cansaço me fazem amaldiçoar o momento em que me decidi a enfrentar tamanho desafio.
         É verdade que em determinados momentos senti algumas náuseas, dores, quebra de rendimento. Mas nunca, em momento algum, senti desejo de que a meta já estivesse ao virar da esquina.  Cada passada, cada metro, cada quilómetro, foram de tamanha satisfação e prazer, que se tivesse que repetir hoje de novo a façanha, o faria sem pestanejar.
          Dizer que a prova foi excelente; que os seus voluntários foram extraordinários; que o percurso era lindíssimo; que a camaradagem entre atletas foi fantástica, é dizer o obvio, que qualquer atleta dirá depois de concluir a sua prova. Pessoalmente, não me vou alargar muito mais, e todos estes sentimentos foram unânimes. Vou apenas acrescentar algumas notas sobre determinados momentos em que fui protagonista.


           Estamos nos momentos  iniciais da prova. Estão eliminados os primeiros 2 ou 3 quilómetros. A ritmo lento, quase na cauda do cordão formado pelos   130 atletas presentes, José Sousa, um atleta com quem dividi pista nas 24 horas de Portugal, alcança-me. Então? Está tudo bem? Vais aqui tão devagar... 
          - Tenho tempo. Devagarinho, afinal tenho 10 horas para terminar.
            Tomei a decisão certa. Correr a ritmo lento, sem as correrias desenfreadas de inicio de corrida, que acabo por pagar caro mais á frente. Procurei sempre manter um trote certo, quer a subir, quer a descer até perto dos 30 quilómetros, enquanto o percurso assim o permite. Esta primeira fase da prova, funciona mais como uma injeção de quilómetros nas pernas de todos nós, para que os 20 quilómetros finais, de maior dureza, fossem mais difíceis de enfrentar. A partir dos 30, tudo se complica. As subidas são mais longas e ingremes, e as descidas mais técnicas e vertiginosas. Mas é a partir deste momento que a prova anima verdadeiramente, e nos sentimos os mais afortunados dos atletas por estar-mos a desfrutar de tão belos momentos.


         Apesar do cansaço se ir acumulando quilómetro após quilómetros, a oportunidade de observar e passar por locais tão belos e inspiradores, torna a nossa aventura um agradável sacrifício. Como foi bom conhecer a Citânia de Sanfins ( concelho de Paços de Ferreira), e o Castro do Monte Padrão a correr como uma gazela. Ultrapassar o bonito e secular carvalhal de Valinhas e o Monte Nossa Senhora da Assunção a trotar como um cavalo. E como um verdadeiro alpinista, vencer as dificuldades do "Parque Jurássico", um grande afloramento rochoso, Pilar de seu nome, que tivemos que escalar com grande dificuldade, e depois descer, ou melhor, deslizar com a ajuda de cordas. Grandes momentos de pura adrenalina. Adrenalina que foi subido ao longo da prova, e que atingiu o seu auge quando alcançamos as quedas de água da Fervença. A descida até ao rio Leça tinha tanto de belo como de perigoso. O piso estava bastante escorregadio, e um simples deslize lançava-nos para um precipício de algumas dezenas de metros. Mas depois, foram demais os bons momentos. Atravessar o rio para a outra margem com água até á cintura. Exagerado. Até aos joelhos. Abastecimento. Atravessar de novo o rio, desta vez saltando rocha a rocha. Alguns metros mais, e nova travessia. Uma pequena queda de água fazia a travessia mais difícil, mas superável. E depois havia que subir e escalar com o apoio de cordas, e sempre com o belo cenário das cascatas e o som da queda da água a inspirar-nos e a dar-nos força. Que grandes e agradáveis momentos...Tinha superado 34 quilómetros, restavam 16, mas estava ganho o dia. Até á linha de meta, o cansaço crescia, as dores aumentavam - sobretudo as dores nos joelhos e em descida - e o sobe e desce mantinha-se. Mas, ora a correr, ora a caminhar venço o desafio, um duro e aprazível desafio em 6:43h. Ainda antes de cortar a meta, olho para trás e vem o José Sousa. Paro e espero por ele. Anda lá! Estou à tua espera. Começamos juntos, acabamos juntos.


       Depois, foi esperar quase 2 horas pela chegada dos meus novos companheiros  de running. Solange Cabral, Carla Moreira e José Ribeiro...devagar se vai ao longe!

     Para a estatística:

     Ultra trail (50 km) número 1
     Tempo chip: 6:42:57h
     Classificação geral: 66º (128)
     Classificação escalão (senior M): 43º (77)

     Até já!

       

         



segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Km 17 - 17ª Meia Maratona Manuela Machado






17ª MEIA MARATONA MANUELA MACHADO
 

18 de janeiro de 2015

 
 
 
                                                Se não podes ir a Castrelos,
                                                vem Castrelos ter contigo!
                                                
          


      Em Castrelos nunca corres só. Em viana também não!

      Quem vem seguindo as minhas crónicas, e quem acompanhou a minha aventura nas 24 horas de vigo, sabe como guardo dessa competição as mais belas recordações. E sabem o quanto estimo e respeito toda aquela gente que tão bem organizou a prova.
      Daí que o facto de ter encontrado grande parte dessas pessoas na meia maratona de Viana, tenha sido um belo momento para matar saudades, e saudar todos quantos tão bem me receberam e trataram em Castrelos. Apesar de um grande contingente de atletas Castrelos 20:30 se ter deslocado a Viana do Castelo, junto com mais 800 runners galegos,  ou perto disso, naturalmente que faltaram outros tantos. Mas estava ali Vidal, o grande obreiro das 24 horas de Vigo. Sevi, estafeta, voluntário e organizador, que me acompanhou no quilometro 126 de Castrelos. Sobrino, com quem dividi pista no desafio 24 horas, e que mesmo desistindo ás 16 horas de prova conseguiu superar-me na classificação final. Geni, também ela voluntária e estafeta das 24 horas, que tanto me apoiou e incentivou. E outros, que apenas recordo nomes e caras, mas com quem não privei tanto como com os nomes que referi.



        4X21 km em Viana do Castelo !

         Pela quarta vez e quando inicio o meu quarto ano de corridas, a primeira grande prova do ano acontece no norte do país. Foi assim em 2012, na minha primeira meia maratona. E foi assim nos dois anos seguintes, e volta a ser da mesma forma este ano, na minha 19ª meia maratona.
         Mais uma vez a Helena esta presente, mas este ano será cada um por si. Eu vou tentar aproximar-me da marca da última corrida. Ela vai tentar fazer melhor que no ano passado. Fazemos um aquecimento debaixo de uma chuva intensa e de muito frio. É dado o tiro de partida ás 10:30h, e já estamos molhados até ao tutano. Devido  ao problemas que tenho em hidratar-me ao longo dos desafios, este é o clima ideal para que não tenha que me preocupar com essa tarefa.
          Sinto a falta do balão que tanto me ajudou a baixar a hora e meia em Villagarcia, mas mesmo assim, sempre com um ritmo instável, tento encontrar aquele com que me sinta mais confortável. A tarefa adivinha-se árdua, porque por mais que tente, não consigo aumentar para um ritmo desejado. Aqui e ali tento acompanhar alguns atletas conhecidos. Nos primeiros quilómetros Sobrino serve-me de lebre, mas facilmente me deixa para trás. Aos 7 km alcança-me o mesmo atleta do Clube Atenas, que levava o balão em Villagarcia. Pergunto-lhe se vai para a hora e meia. Talvez um pouco  mais, esta prova é mais difícilComo na altura não tive oportunidade, agradeço-lhe por me ter ajudado a fazer 1:29h em Espanha. Tento ir com ele, mas hoje não estou nos meus dias. O mesmo ritmo que alguns meses atrás não tive dificuldade em acompanhar, hoje revela-se impossível de alcançar.
            Sempre que sou alcançado por um atleta de Castrelos, vou soltando um vamos castrelos, animo. Alcança-me mais um grupo, e entre eles vem um elemento que tão bem reconheço. Vamos Sevi, tira palante! Também este grupo eu tento acompanhar, mas não c.o.n.s.i.g.o. Desisto de tentar um ritmo mais elevado, e mantenho o que me é mais confortável. Chego á linha de meta e paro o cronometro que marca 1:33:44h.
            Termino o desafio meio satisfeito com o meu desempenho, mas muito satisfeito por ter encontrado tantos amigos numa só prova. E Castrelos 20:30, nunca correram sozinhos em Viana do Castelo!




      Para a estatística:

      Meia maratona número 19 
      Tempo líquido (chip): 1h33'44'' 
      Classificação geral: 674 

      Classificação por escalão: 169
 
       Até já!