domingo, 27 de julho de 2014

Km 9 - 8º Cross de S.Brás (Granja- Castro Daire)



8º CROSS DE S.BRÁS (Granja- Castro Daire) 
Circuito nacional de montanha
 

20 de julho de 2014

 
 
 
         Quem corre por gosto não cansa.
         Quem cansa a correr não gosta.
         Quem não gosta de cansar, não corre!
           
                                          Paulo Machado


      Como uma verdadeira trilogia!

      Não quero de forma alguma que as minhas crónicas se tornem repetitivas e aborrecidas. Pretendo sobretudo que cada uma tenha motivos de interesse diferentes que vos pretendam até ao até já final, e que vos façam ansiar pela próxima. Esta crónica, referente ao 8º cross de S. Brás, é de alguma forma idêntica á última onde relato o que se passou na corrida do Marão. Os atletas são praticamente os mesmos, e os personagens de que vou falar são já vossos conhecidos. Está a Helena parceira de corridas, o João grande vencedor na última corrida, o Adriano que não quis correr no Marão,  e o Caneca que teve um pequeno papel no trail de Vila Pouca de Aguiar antes de se despistar, e estou eu  para memorizar as incidências e vô-las  narrar.

O Adriano
O Caneca dorsal 555
      E para que a narrativa se pareça em tudo á do Marão, além dos personagens não podia faltar a chuva. Mas esta  é nossa amiga e abandona-nos antes da corrida começar. Curiosamente, e porque o Adriano ainda está na expectativa de fazer ou não a prova devido á chuva, digo-lhe que não vai chover mais. E na verdade, eu não volto a apanhar chuva durante o desafio. O mesmo não podem dizer os atletas mais lentos, porque 5 minutos depois de eu terminar, abate-se sobre nós uma verdadeira tempestade durante breves minutos.
Dorsal 623


     São 8.30h, 15 minutos depois da hora prevista começa a prova. A temperatura está muito provavelmente abaixo dos 20º, o que é excelente. Os grandes candidatos aos primeiros lugares investem numa corrida desenfreada para se colocarem na frente do pelotão. Eu deixo-me ficar na cauda. Previamente falei com a Helena e disse-lhe que se me sentisse com forças abandonava o nosso ritmo mais lento e tentava uma corrida mais rápida. Nos primeiros metros vou  olhando para trás, vejo que ela não me acompanha  e invisto também eu numa corrida mais audaz e veloz. Os 3 primeiros quilómetros, e porque são acessíveis,  são para ganhar posições que perdi com uma saída mais lenta. Uma primeira ravina, e porque é em sentido descendente, aconselha-nos a moderar a velocidade, e a descer com muito cuidado. Vão junto a mim algumas atletas femininas, que tornam a descida ainda mais lenta. Depois da descida, os metros que se seguem são de igual modo perigosos, apesar de serem em terreno plano. E porque estamos a correr sobre um riacho, as pedras são extremamente escorregadias. Aqui e ali vou ouvindo um ai, ui, cuidado. Mais tarde, relatos de quedas, reportam exatamente a este local. Cientes da  perigosidade do local, a organização coloca no local voluntários para los alertarem e eventualmente assistirem em alguma situação mais dramática.
     Até aos 6 quilómetros  só temos que rolar, com um ou outro sector ligeiramente mais ascendente, e enfrentarmos então 2 quilómetros de verdadeira ascensão. Consigo ultrapassar esta fase sempre a trotar, em passada curta e lenta e desfrutar depois de alguns quilómetros de downhill e pura adrenalina. Devido ao esforço despendido na subida, e porque em descida a passada é mais larga e veloz, começo a sentir um aproximar de cãibras nas coxas. Paro um pouco, alongo,  massajo e siga.
Essas palmas?

     Sinto-me bem, apesar de ir a um ritmo mais elevado que no Marão. Estou a adorar as paisagens, sobretudo os trilhos por onde temos passado. É a natureza em todo o seu esplendor, no seu estado mais puro, quase virgem. A sinalização não permite que nos enganemos no trajeto. Talvez um ou outro atleta mais deslumbrado com a paisagem se possa entusiasmar e seguir  por rotas não sinalizadas.
      Após o quilometro 13 avançamos para um sector já ultrapassado, mas desta vez vai se feito em sentido contrário. A zona perigosa do ribeiro, e de novo a ravina, mas agora toca a subir. Já não consigo fazê-lo em trote, mas avanço passo a passo até ao topo. Temos mais 3 quilómetros pela frente acessíveis e igualmente  belos, sobretudo o percurso que fazemos junto e através do rio. Nesta altura o sol  vai espreitando por entre as nuvens e libertando um calor mais intenso. A frescura da zona junto ao rio é aceite de bom grado, e é tempo de guardar energias para os últimos e implacáveis 5 quilómetros. Os primeiros 3 são de duras e constantes subidas. Nesta altura fico completamente sozinho na corrida. Quem ia á minha frente avançou de forma vigorosa, quem vinha atrás de mim, não resistiu á severidade das subidas e ficou para trás. Antes dos 500 metros finais em subida até á meta, temos uma descida longa, sobre uma senda muito instável. O caminho faz-se sobre pedras grandes e soltas, com constantes mudanças de direção. Requer o máximo cuidado, muita atenção, e olhos focados no local onde vamos colocar os pés. Uma passada mal calculada pode fazer com que facilmente torçamos um pé, tropecemos, e demais situações dramáticas e dolorosas. No final da descida alcanço um atleta M55. Cortesmente diz-me para passar. Não tenho coragem. Sigo na sua peugada, e avançamos numa mini fila indiana até á meta. Tudo o que podemos e devemos fazer numa corrida é ao longo desta, e não nos metros finais. Aqui, a caminho da consagração gosto de respeitar o esforço dos adversários. E afinal,  não está em causa o primeiro lugar. E mesmo que estivesse...
Já está!

      Mais uma vez, apesar de ficar um pouco aquém do que fez no Marão, quedando-se apenas pelo 21º lugar da geral, o João volta a ganhar a corrida no escalão M50. E apenas 23' depois de mim chegou a Helena que não foi capaz de superar a nossa adversária da última corrida.

A Helena seguida pelo Adriano




O campeão João Gonçalves
     Uma nota para a organização. Ou melhor, cinco notas. Cinco estrelas. Delimitação e sinalização do trajeto impecável. Voluntários colocados em pontos estratégicos do percurso. Abastecimentos suficientes. Apenas um senão, e tem a ver com o atraso da abertura de portas para o almoço. Difícil de aceitar numa altura em que estávamos todos esfaimados.



Para a estatística:


      8º Cross S. Brás 22 km
      Corrida de montanha número 4
      Tempo líquido: 2h12' ( a 40' do vencedor)
      Classificação geral: 57 (104)

      Classificação escalão Elite M: 18 (31)
     
Cartaz promocional
     Até já!

 

 

domingo, 13 de julho de 2014

Km 8 - 1º Trilhos do Marão



1º Trilhos do Marão
VIII Campeonato de Portugal FPME de corrida em montanha
 

6 de julho de 2014

 
 
 
        "Fui para os bosques para viver livremente, para sugar o tutano da vida. Para aniquilar tudo o que não era vida, e para, quando morrer, não descobrir que não vivi."
                                                                        Thoreau


    O ditador, S. Pedro, e nós!

     Chove copiosamente. A corrida é adiada em 30 minutos na  esperanças de que as condições climáticas possam melhorar. Alguns atletas já desistiram de participar. O Adriano é um deles: "Corridas há muitas, para a semana já há outra!" Eu congratulo-me. Melhor, é um lugar que fico mais á frente. Mas, quase toda a totalidade dos 100 atletas inscritos não nos demovemos do propósito de enfrentar  e levar a melhor sobre o árduo e difícil desafio que temos diante de nós.
       Conscientes das dificuldades  que vamos enfrentar, cada metro a percorrer é sempre uma nova surpresa. Uma subida cada vez mais íngreme, uma descida cada metro mais vertiginosa. Uma escarpa que temos que escalar, um tronco que temos que saltar.
        Debaixo de um verdadeiro temporal, dá-se início á prova. Após as primeiras centenas de metros, vai-se formando um autêntico cordão humano, com os atletas mais rápidos, naturalmente na frente da corrida. Nós mante-mo-nos no último terço do cordão ( eu e a Helena). Após os dois primeiros quilómetros a corrida começa a endurecer. Vão ser subidas constantes e íngremes até aos dez quilómetros do alto do Marão, onde vamos atingir os 1415 metros de altitude. Consigo ir avançando metro a metro, trote a trote sem parar. A Helena vem atrás de mim. Vai avançando no meu encalço de forma mais lenta e sofrível. A espaços, reduzo a velocidade e espero por ela. Em zonas mais íngremes e acidentadas, coloco-me ao lado dela e apoio-a na  sua árdua tarefa. Num momento em que ela vai em desequilíbrio seguro-lhe no braço e evito que caia. Uma atleta que vem atrás de nós, entende o gesto como um benefício da minha parte em prol de uma adversária. De forma irónica pergunta: Está tudo bem? Mais tarde vou ter oportunidade de a ajudar também a ela.  "Perdoa aos teus inimigos, nada os irrita tanto".
        Depois de três quilómetros sempre a subir, chegamos a um troço de cerca de dois quilómetros mais acessíveis. Mas apesar de ser em sentido descendente, a atenção da nossa parte tem que ser redobrada. A neblina e a chuva tornam a visibilidade  reduzida e temos que prestar muita atenção não só  á sinalização que nos indica o caminho, mas também ao piso que é muito acidentado e perigoso. Apesar de termos os sentidos focados no nosso propósito, aqui e ali temos oportunidade de observar magníficos e belos postais ilustrados. Paisagens de cortar a respiração. Devíamos ter trazido a lancheira e fazíamos aqui um piquenique. Sugiro. Mas o tempo não está propício para piqueniques.
      Chegamos a um dos pontos mais radicais do percurso. São apenas 70 metros de escalada. Os primeiros metros são feitos usando uma escada metálica de seis ou  sete degraus.  Nos restantes, usamos as raízes e os troncos das plantas mais robustas como corrimão. Os degraus, são rochas que a natureza colocou no local para nos ajudar na subida.
      Continua a chover com intensidade. Em alguns locais, a água  que corre pelos caminhos chega-nos aos tornozelos. Num momento em que a chuva é mais abundante, abro os braços e grito: Ah! Chuvinha boa!  Já a Helena faz uma prece divina: "Vá lá S. Pedro,  já chega. Tem pena de  nós."  Chamem-lhe milagre ou outra coisa qualquer, mas desde as palavras da Helena, e durante alguns minutos, para de chover completamente. Este período coincide com a nossa chegada e passagem pelo quilometro 10, instalado no ponto mais elevado da prova, o alto do Marão com 1415 metros de altitude.    
Alto do Marão, 1415 metros de altitude.

       Vencemos a primeira metade e a mais difícil da prova gastando 1h35'. A partir de agora, o percurso é quase na sua totalidade em sentido descendente, mas muito perigoso. Prova disso é a nossa passagem por um sector entre o quilómetro 11 e o 12. No posto de abastecimento anterior, os voluntários alertam-nos para a perigosidade deste quilómetro. Alcançamos o lugar mais perigoso, que compreende uma descida vertiginosa de cerca de 100 metros, onde é aconselhável descer de marcha atrás, usando todos os possíveis apoios para nos darem segurança e ajudarem e facilitarem a descida. Já em plena descida está a mesma atleta que alguns quilómetros atrás nos chamou á atenção quando prestei ajuda á Helena. Está completamente histérica, a gritar para que ninguém se aproxime nem a empurre. Está completamente imóvel e fora de si. Digo-lhe para não se mexer, que me  vou aproximar e ajudá-la na descida. Agora, á frente dela, vamos descendo passo a passo, com o máximo de cuidado e precaução. As rochas estão escorregadias, o caminho enlameado, e a vegetação rasteira está molhada e perigosa. Vamos usando, uma vez mais, os troncos das plantas mais robustas e as raízes para nos agarrar-mos durante  a descida. A meio da descida, parece mais calma, e já é ela que estranhamente me vai dando indicações de como devo descer. Quando reparo que já não precisa de ajuda, apresso-me a chegar ao fim da ravina, deixando para trás, além de dita atleta, uma outra amiga da Helena e a própria. Vêm em animada cavaqueira. Vamos lá, menos conversa e mais corrida! É o que dá correr com mulheres! "Saíste-me cá um ditador!" Diz-me uma delas. Recebo o elogio com o mesmo espírito de brincadeira com que proferi a minha frase. 
Marão

      Antes de iniciarmos a prova tínhamos apenas como principal objetivo terminar a corrida. A partir de agora, reformulamos os nossos objetivos. Queremos terminar o desafio á frente desta nossa adversária. Numa situação em que estamos mais isolados brinco: Devia tê-la empurrado! Ups! Oh, desculpa, foi sem querer! Apesar do cansaço não resistimos a umas estridentes gargalhadas. Vai-se mantendo colada a nós durante alguns quilómetros. Mas depois de algumas subidas, não resiste ao nosso ritmo, e acaba por ficar para trás.
       Estamos finalmente sós. Por momentos a  chuva dá tréguas. A espaços o sol parece querer brilhar. Continuo a sentir-me muito confortável com o ritmo a que vamos avançando. No último posto de abastecimento, os voluntários vão dividindo entre si fatias de queijo, acompanhadas de cerveja. Peço para mim  também uma super bock. Apenas me oferecem queijo, que rejeito, e água da qual bebo pequenos tragos . Os três quilómetros finais são já nossos conhecidos. No sentido ascendente foram os primeiros da prova. Agora são bem mais fáceis de fazer, pois são em sentido descendente. Curioso é o facto de ter sido num dos pontos de passagem deste sector que um grande número de atletas se perdeu. Acontece também connosco, mas descobrimos bem cedo o nosso erro e voltamos para trás cerca de 50 metros em busca da sinalização, e verificamos que é demasiado deficiente no local, mas facilmente retomamos o caminho correto .
        Está quase no final a nossa aventura. Posso ficar á tua frente? Claro que a Helena não diz que não. Afinal tanto faz um lugar á frente ou atrás, quer para ela, quer para mim.  Os últimos 200 metros são a subir. A Helena apresenta uma maior fadiga, e consigo afastar-me e chegar primeiro á meta. Viro-me e aplaudo a sua chegada, afinal é ela a campeã. Também campeão é o João Gonçalves ( sim, sim; esse mesmo que na Régua fazia o aquecimento quando a corrida já havia começado á 10 minutos) com quem habitualmente partilho as deslocações para as corridas. Pouco habituado a corridas desta natureza, mas a provar que são provas onde se sente mais á vontade, ficou na 12ª posição da geral, e no 1º lugar do escalão M50. De entre 84 atletas que concluem a prova, na sua maioria especialistas neste tipo de desafios, termino os 23 quilómetros  na 64ª posição, gastando cerca de 3 horas e a  1 hora do vencedor.
Marão

        Foram 3 horas de corrida. Cerca de vinte e três quilómetros. Algum cansaço e sofrimento. Água até ao tutano, e as sapatilhas a pesarem três vezes mais. Muita lama e algum frio, que não é comum em pleno mês de julho. Mas em compensação houve adrenalina até mais não. Houve muita diversão e prazer. Tivemos a oportunidade de correr em locais belíssimos, ver paisagens de cortar a respiração e disfrutar do que mais belo e aprazível a natureza tem para nos ofertar. E somos de facto uns privilegiados por podermos usufruir destes agradáveis momentos.


     *Devido á não existência de fotos da prova, recolhi algumas do Marão para ilustrar a minha crónica.


      Para a estatística:

      Trilhos do Marão 22.4km
    Corrida de montanha número 3 (a 1ª foi em 2012 em   Mogadouro a 2ª em 2013 aquando da subida á Sr. da Graça) 
      Tempo líquido: 3h03' ( a 1h03' do vencedor)
      Classificação geral: 64 (84)


 
       Até já!

       
  

       


 

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Km 7 - II Meia Maratona de Guimarães



II Meia Maratona de Guimarães
 

22 de junho de 2014

 
 
 
       "A Natureza criou os prazeres, o homem os excessos"

Enquanto aguardava a chegada dos aventureiros

        Antes de me debruçar sobre as incidências da exigente e difícil Meia Maratona de Guimarães, vou dar um salto até Gaia. Mais propriamente até á praia da Aguda, onde ontem se realizou uma inédita meia maratona. Denominada Meia Maratona Areias de Gaia, o evento tinha ao dispor dos atletas as distâncias de 21, 10 e 6 quilómetros. Apesar de me ter deslocado ao local apenas para ver a prova, e em especial, o desempenho de alguns amigos, ainda me dirigi á organização para me inscrever numa das distâncias mais curtas. Mas, quando os informei que ia correr a meia maratona de Guimarães, demoveram-me imediatamente de inscrever-me na prova. A corrida, totalmente sobre areia, permitiu aos atletas viverem um momento  inesquecível. Apesar de um desafio árduo, custoso, difícil e muito exigente, a oportunidade que os mais de 200 aventureiros tiveram em  poder assistir ao primeiro pôr do sol deste verão em pleno desafio,  acabou por compensar todos os sacrifícios.
      Já que não me deixaram correr, peguei na máquina fotográfica e fui registar a passagem dos companheiros de aventuras.  Inicialmente junto á meta, onde esperei por um primeiro retorno, e depois algumas centenas de metros mais para norte, onde aguardei o regresso dos participantes, antes dos metros finais da prova.
      Fui registando a passagem de cada atleta, e foi bom, estando do outro lado, ver gestos de agradecimento pelas fotos. Já numa fase final da prova, alguns atletas não conseguiam disfarçar o cansaço, e chegavam junto a mim a caminhar a muito custo. Fui tentando incentivar alguns mais desmotivados: Vá lá, um trotezinho para a foto!  Mais tarde vou partilhar o álbum com todos quantos se quiseram procurar nas centenas de fotografias. E eu sei o quanto gostamos de ver-nos num grande número de fotografias em cada corrida.
Abordagem do quilometro final. Ao fundo já se vê a Helena.

      Quando a Helena chegou junto de mim, completamente exausta e cansada, desliguei a camara, e trotei os metros finais a seu lado, e pude comprovar a dureza da prova. Terreno muito instável, areia muito rala onde os pés se enterravam. Ainda fazia mais 21 quilómetros, brinquei com ela. Quanto a ela, era evidente o sofrimento e o cansaço: "Nunca mais me meto noutra."
Uma força da natureza. Um exemplo. Helena Mourão.

      Ficou mais do que evidente o quanto somos capazes de nos superar. O quanto somos capazes de cometer excessos para viver na plenitude os prazeres que a natureza para nós criou.


      Aqui nasceu Portugal!

        
      22 de setembro de 2013. Temperatura do ar a rondar os 38º. Guimarães estreava-se, em ano de capital europeia do desporto, no circuito nacional de meias maratonas. Percurso bastante difícil. Na altura, com muitas dificuldades, não consegui melhor do que 1h 52'. Nunca me senti tantas vezes tentado em desistir como nesta prova.
      22 de junho de 2014. Apenas o número do dia se mantem, de resto, tudo diferente. O dia está limpo e solarengo, mas a temperatura está bastante agradável, entre os 25º. O percurso, é quase o mesmo do ano passado, mas percorrido quase na sua totalidade em sentido inverso. A parte mais difícil e exigente, que no ano passado estava reservada para os últimos 6/7 quilómetros, este ano são os primeiros a ser percorridos. Parece tratar-se de um trail urbano. E de facto para lá caminha. Contabilizamos perto de 300 metros de desnível positivo, o que é pouco para um trail mas muito para uma meia maratona de estrada.
    O percurso é bastante interessante. Percorre bonitos locais da cidade, como a praça do Toural ou o emblemático castelo de Guimarães. A grande presença de público também contribui para a beleza do evento. Só é pena que não participem tanto na corrida como era expectável, através do incentivo e  apoio aos atletas.
      Apesar do conhecimento prévio das dificuldades que o percurso iria colocar aos participantes, a organização não quis deixar de mostrar o que de melhor a cidade tem. Quem construía castelos fazia-o onde seria melhor em termos bélicos. Nunca o fizeram a pensar nos corredores.



Abordagem ao castelo.

       Os primeiros quilómetros, os que exigem um esforço suplementar da nossa parte, face ao constante sobe e desce das ruas estreitas e com piso em paralelo, consigo superar com um ritmo muito idêntico ao que tenho mantido nas últimas corridas. Gastei cerca de um minutos mais nos 7 quilómetros iniciais do que em anteriores provas.
         Depois da passagem pelo centro histórico, a prova entra num traçado mais plano até ao quilometro 19. Curiosa a passagem pelo interior do pavilhão multiusos, onde ouvimos a primeira grande ovação da corrida, graças ao som que nos chega do sistema sonoro do recinto.

         Vou mantendo o meu ritmo, enquanto o traçado e as forças o permitem, apenas fraquejo nos dois últimos quilómetros. Passo o quilometro 19 com o relógio a marcar  1h26'. Depois daqui, talvez devido ao cansaço ou ao trajeto que entra numa fase ascendente até á zona da meta, ou talvez devido á desmotivação por verificar que vou ficar aquém dos meus melhores tempos, baixo de ritmo, e concluo os 2 últimos quilómetros nuns inimagináveis 12 minutos.
Já na subida final.

         Satisfeito por ter concluído mais um desafio. Um belo desafio. Apesar da dureza, a prova é muito mais agradável de se fazer no centro histórico, do que fora da cidade. Afinal, aqui nasceu Portugal!


      Para a estatística:

      Meia maratona número 17
      Tempo líquido (chip): 1h38'23'' ( a 30'48'' do vencedor)
      Classificação geral: 186 (535)
 
      Até já!