quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Km 1 - VI Meia maratona da Corunha

VI Meia Maratona da Corunha (a minha 12ª)

22/23 fevereiro 2014


 

 
E porque a Corunha não é só a torre de Hércules.

     Símbolo da cidade e património da Humanidade desde 2009, a Torre de Hércules é o farol mais antigo do mundo em funcionamento. Erguida no século II em pleno domínio do Império Romano, para orientação e vigia ao horizonte marítimo. Acabou por deteriorar-se ao longo dos séculos. Em finais do século XVIII foi restaurada e transformada em farol, mantendo a estrutura romana no interior. A elevação a património da humanidade pela UNESCO, contribuiu acima de tudo para proteção de toda a área envolvente, evitando que fosse invadida pelo cimento. Além da excelente vista que se obtém após subir os 239 degraus da torre, toda a área que a circunda é magnífica, quer para dar uns passeios quer para praticar desporto.
      Mas não é só a Torre de Hércules que me leva á Corunha.
     Chego á Corunha no comboio que saiu de Vigo. O preço, o conforto e o tempo, fazem-me preferir a viagem no tren de media distância.
     Facilmente chego a casa do couchsurfer que me vai receber, José Chouciño, que, ainda sem tempo para descansar os ombros pelo peso da mochila, se apunta a ir mostrar-me a cidade.
     Faço a primeira meia maratona do fim de semana. Em ritmo pausado, lento, relaxado e prazeroso, visitamos os locais mais belos da cidade.
     Percorridos escassos metros de casa, passamos no Estádio Riazor, e recordamos os momentos festivos vividos no ano 2000 aquando da conquista da Liga Espanhola. Atualmente o clube milita no segundo escalão espanhol. Chegamos ao paseo marítimo que percorre todo o perímetro litoral, e oferece mais de 10 km preparados para receber todos quantos queiram fazer um passeio a pé ou de bicicleta. Na playa de Riazor, os sinais do mau tempo que também assolou o nosso país são bem visíveis. O muro que separava a praia do paseo perdeu as pedras superiores, e os cerca de 2 metros de altura estão completamente cobertos de areia, assim como as escadas de acesso á praia, que são agora inúteis porque a praia está ao nível do passeio.
    José mostra-me 3 curiosidades que não vêm nos guias. A primeira refere-se ao pintor e escultor espanhol Pablo Picasso, que viveu durante 2 anos na Plaza de Pontevedra. Enquanto o seu pai dava aulas no Instituto Eusébio da Guarda, Picasso fazia os seus primeiros trabalhos na casa em frente. A segunda também se refere a uma das personalidades de Espanha. Natural de Ferrol, uma localidade a norte da Corunha, Francisco Franco, o ditador Franco, possuía uma casa na atual Ciudad vieja, que ocupava nas suas deslocações á Corunha. A terceira é visível num dos jardins da cidade. Há um calendário feito em plantas naturais, que é atualizado diariamente, e um relógio também em plantas naturais. Belíssimo.
    A zona das Galerias é magnifica. Outrora titulada de cidade de cristal, este título deve-se á solução popular encontrada para aquecimento dos edifícios, através da alteração das varandas, fechadas com vidros. Belíssimo.
    A Plaza Maria Pita, que deve o seu nome á heroína local que lutou com bravura contra o exército de Francis Drake em 1588 , uma espécie de padeira de Aljubarrota Galega, alberga o Pazo Municipal. Edifício que conjuga vários estilos arquitetónicos. Belíssimo.
     Entramos na Ciudad Vieja, e é como se chegássemos a outra cidade. Depois de atravessar-mos a calle real, uma rua comercial repleta de gente, e da paralela calle de la Galera, onde os bares e restaurantes estão completamente lotados neste fim de tarde, a Ciudad Vieja está praticamente deserta. Ocupa a parte mais protegida da península, e corresponde á zona mais antiga e nobre da cidade. Ruas estreitas, praças escondidas e igrejas antigas. Belíssimo.
    Domingo, dia da corrida. Levanto-me cedo, tomo um bom pequeno-almoço, e preparo-me para fazer uma caminhada de cerca de 15 minutos até á zona de partida da meia maratona. O dia está solarengo, o termómetro marca 11 graus, e os cerca de 2000 atletas estão animados. Estão reunidos os requesítos para uma grande prova.
Ás 10 horas é dado o tiro de partida. Trinta segundos depois a corrida é interrompida. Uma avaria no carro que abre a frente da corrida, obriga a que se proceda a nova partida. Quinze minutos são necessários para recolocar todos os atletas atrás da linha de partida. Pacientemente retomamos os nossos lugares. A segunda partida é feita sem problemas, afinal já estava treinada.
 
Momento em que a corrida é interrompida.
 
     Faço a minha 12ª meia maratona, a um ritmo confortável, 4'30'' por km inicialmente, e já nos quilómetros finais, devido uma vez mais a problemas de desidratação, a um ritmo mais lento. Objetivo de terminar o VI Medio Maratón Coruña 21 alcançado com grande satisfação. Corto a linha de chegada com o relógio a marcar 1h 39' 05''. Não foi das minhas melhores provas, mas também já fiz pior. Lugar 870, mais uma vez na metade superior da classificação.
     Ainda antes do almoço fazemos uma incursão a pé até ao monte de San Pedro. Faz-me lembrar o Monte Picoto, mas os acessos pedonais são em terra batida, e a vegetação é mais escassa. A Bateria de cañones del Monte San Pedro faz parte de uma antiga instalação militar de defesa costeira, utilizada entre as grandes guerras. Esteve abandonado durante muitos anos, mas a zona foi reabilitada e transformada em museu. Trata-se agora de um aprazível lugar de visita onde se pode disfrutar de uma excelente vista sobre a cidade. O local esta ainda dotado de um restaurante, um elevador panorâmico, zonas de merendas, e uma diversidade de caminhos pedonais. Também no local esta em fase de construção um parque radical.
    Seguramente haverá ainda muito mais para ver nesta belíssima cidade galega. Fica para uma futura visita, quem sabe aquando da maratona da Corunha.
    Um muito obrigado ao meu anfitrião José Chouciño.
Até já!


 

 

 
 

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Km 0 - Linha de partida

 

 Linha de partida

13 fevereiro de 2014

 
   Quando ouvia alguns dos meus amigos dizerem-me que devia fazer um blogue, achava que não era tarefa para mim. Apenas lhes dizia que não ia saber o que escrever. Que não vivo episódios tão importantes, capazes de proporcionarem um relato interessante de ser lido.
    Nas minhas 3 maratonas realizadas até ao momento, inicialmente a pedido de um jornal regional(Mensagens Aguiarenses), e posteriormente por iniciativa própria, lancei-me na tarefa de transcrever para o papel as incidências das provas. Fugindo um pouco ao aspeto desportivo das mesmas, debrucei-me mais sobre o ambiente, os episódios, os dados curiosos ao longo dos percursos. E a verdade é que me saí muito bem como "jornalista". Consegui cativar as pessoas durante alguns minutos, e levá-las a desejar ler mais e mais. Não estranhei pois, que os elogios recebidos fossem sobre as minhas capacidades de expressão escrita, e não sobre os feitos desportivos.
     Enquanto lia o blogue de um amigo argentino ( que tive o prazer de receber em minha casa no âmbito do projeto couchsurfing), e que vai calcorreando  por terras africanas e asiáticas em cima de uma bicicleta, ganhei animo para iniciar este meu projeto. Chamou-me a atenção alguns dos episódios por ele narrados aquando da  sua travessia pelo Irão. Os iranianos são muito hospitaleiros, mas também têm uma estranha tradição de oferecer coisas apenas como um gesto de cordialidade, mas na verdade não te estão a oferecer nada. Por exemplo, vais pagar num restaurante e o dono diz-te que és seu convidado, mas esta á espera que lhe pagues igual. Confuso? Apenas uma curiosidade que é possível partilhar através de um blogue.
   Fazendo uso desta minha nova paixão, a escrita, e recorrendo a temas de outras minhas paixões como as corridas e as viagens, pretendo desvendar alguns dos dados curiosos com que me vou deparando, e poder proporcionar-vos momentos de leitura agradáveis e viciantes. Afinal sempre posso encontrar bons temas para excelentes textos, para além da temática "maratona". Sempre que elogiavam os meus textos acerca das maratonas, eu contrapunha dizendo que quando se tem um bom tema para escrever, o resultado no papel é sempre bom. 
      Talvez venha a encontrar bons temas para escrever em futuras viagens, noutras corridas, em fatos da vida, em experiências positivas com couchsurfers. Talvez recorrendo a algum tema politico, desportivo, social. Talvez partilhando convosco fatos passados, e poder revive-los nostalgicamente junto de vós. 
     Não sei com que regularidade vou publicar, mas serei breve na publicação da próxima crónica.
     Até já!